Os antifascistas vecem a batalha! A guerra continua!

Escrito por Gabriel Magalhães.

O dia 7 de junho de 2020 ficará na história política do país como o dia em que a unidade antifascista venceu a batalha e mandou os fascistas tupiniquins para o esgoto, seu habitat natural. A unidade de ação aglutinou antifascistas de todas as colorações, dos democratas liberais sinceros aos comunistas, que sob a coordenação das organizações da esquerda e do movimento negro antirracista tomaram as ruas de dezenas de cidades do país.


Importante ressaltar que o movimento negro engrossou as manifestações deste domingo contra o racismo estrutural à sociedade capitalista e à escalada fascista no Brasil, aglutinando jovens negro de periferia que cotidianamente vivenciam o autoritarismo do Estado e a segregação socioeconômica crônica da sociedade brasileira. Para a maioria dos negros, os direitos sociais e as liberdades democráticas ainda são conquistas a serem efetivadas, o que passa neste momento da história brasileira pela derrota imediata do inimigo do conjunto dos trabalhadores e dos oprimidos: a derrota ao fascismo e ao ultraliberalismo de Bolsonaro-Mourão-Guedes.

A dramaticidade histórica que vivenciamos imiscuiu a crise política resultante da escalada fascista com o avanço da pandemia da Covid-19. Nestas circunstâncias, o isolamento social necessário para o controle da pandemia bloqueou os principais instrumentos de luta da classe trabalhadora e dos oprimidos: as greves e as manifestações de rua. Criou-se uma conjuntura artificializada em que apenas a base de massas do fascismo foi às ruas por mais de dois meses, negando todas as recomendações da ciência e as evidências empíricas em números de mortes e de casos.


Os ativistas que foram às ruas hoje são todos eles adeptos da ciência e do isolamento social desde o primeiro momento, disso eu tenho certeza. Fazem parte daqueles que exigiram e denunciaram governos e setor patronal por serem contra – explícita ou veladamente – às políticas de isolamento social e de mitigação dos seus impactos econômicos sobre a renda e emprego. Durante mais de dois meses se mantiveram firmes no distanciamento social e em exigência às condições para que todos tivessem o direito de se proteger da pandemia.

Todavia, nesses dois meses a crise política se agudizou com o avanço do governo Bolsonaro no constrangimento aos demais Poderes da República, cujo objetivo nítido é subordinar o Judiciário e o conjunto das instituições do Estado à tutela do consórcio palaciano formado pelo bolsonarismo e pelas Forças Armadas (FA). Caso consigam o seu intendo, Bolsonaro e as Forças Armadas pavimentam em definitivo o fechamento do regime e caminham a passos largos rumo à instauração de um regime escancaradamente autoritário no país.


O desemprego, a fome e as perdas ocasionadas pela crise pré e pós-Covid-19 influíram sobre o ânimo da classe trabalhadora e os oprimidos. A disposição para a luta foi temporariamente abalada, o que é compreensível. Como exemplo dessa situação, a letalidade policial no Rio de Janeiro durante os meses de abril e maio, meses de isolamento social, subiu na ordem de 57% e 16% respectivamente em comparação com 2019. Enquanto o povo trabalhador, majoritariamente negro, padecia na fome e no desemprego e, ainda assim, se esforçava para fazer isolamento social, as forças repressivas do Estado recrudesceram suas ações segregacionistas e genocidas. Essa letargia diante da escalada do fascismo e do racismo tinha que acabar! E acabou!

Desde a semana passada os movimentos populares antifascista e antirracista ousaram ir às ruas para intervir na cena política e pôr fim aos monopólios da direita fascista nas ruas e do embate entre fascistas e direita liberal no campo da institucionalidade. As forças populares e democráticas saíram do isolamento mesmo que a contra-gosto para evitar a escalada dos fascistas no Brasil. A dimensão histórica de hoje será avaliada a posteriori pelos historiadores, mas arrisco a dizer que tem a mesma magnitude da “Batalha da Praça da Sé” de 1934, também conhecida como a “revoada das galinhas verdes”. Naquela oportunidade, comunistas e democratas aglutinados na Aliança Nacional Libertadora (ANL) entraram em batalha campal e derrotaram os fascistas tupiniquins da Ação Integralista Brasileira, também conhecido como galinhas verdes. Naquele momento, os integralistas reivindicavam Mussolini e Hitler e o governo Vargas nutria relação ambígua com o movimento, utilizando-o para se contrapor aos comunistas e democratas. Tal como hoje, o movimento fascista de massas foi utilizado para pavimentar a escalada autoritária e antipopular do regime. Ainda assim, a vitória na batalha da praça da zé evidenciou a força da ANL na sociedade, retardando os intentos autoritários de Vargas por alguns anos.


As manifestações de hoje retiraram os fascistas da rua e puseram em cena a luta popular. Vencemos uma batalha, mas a guerra contra o fascismo ainda está longe de ser definitivamente ganha. Trata-se de uma vitória, parcial é verdade, mas ainda assim uma vitória. O ânimo da classe trabalhadora e dos oprimidos será aflorado e a pax burgo-fascista produzida pela pandemia está superada. A defesa da vida e das condições dignas para se viver, sem penúrias materiais e constrangimentos racistas, impeditivos objetivos à liberdade efetiva, virão da luta contra o fascismo e na perspectiva de uma outra sociedade necessariamente anticapitalista, socialista.

FORA BOLSONARO-MOURÃO-GUEDES!

GEORGE FLOYD, MIGUEL, JOÃO PEDRO, PRESENTES!

ABAIXO AO CAPITALISMO E AO RACISMO, PELO SOCIALISMO!

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