
O avanço das políticas neoliberais no Brasil teve como um de seus principais alvos a educação. Cortes de verbas, intervenções e crescentes precarizações do setor ocorrendo sem pudor para justificar as constantes tentativas de privatizações. A luta pela educação popular nunca foi tão necessária. Luta pela defesa do ensino público, gratuito, laico e de qualidade, mas também pelo ensino crítico, libertador, que gera condições para fazer frente à dominação ideológica presente no sistema capitalista.
Mas o que é essa educação popular que nós comunistas tanto mencionamos? Para isso, primeiramente, é necessário entender a estrutura atual. Quando pensamos o ensino que temos hoje, será que ele é libertador? Será por ele o caminho para a revolução proletária?
Vivemos sob o sistema capitalista, que domina desde as forças produtivas até as nossas relações sociais, formando uma sociedade, baseada na exploração econômica, na opressão política e na dominação ideológica da classe trabalhadora pelas camadas dominantes. Tais relações, por sua vez, são justificadas e sustentadas no campo das ideias pelos aparatos ideológicos do capitalismo, que ganham corpo no Estado, na cultura hegemônica, e, consequentemente, na educação. Utilizada para disseminar e reforçar a ideologia dominante, forjando nos estudantes a crença de que o capitalismo é natural e, por isso, indestrutível, ela assume duas formas distintas: uma educação destinada à elite dominante e outra à classe trabalhadora.
A educação voltada para a classe dominante visa formar os “dirigentes da nação”, com melhor formação e um direcionamento para cursos definidos como “de elite”, como medicina, direito e engenharia. Enquanto àquela voltada para a classe trabalhadora visa a formação e manutenção de mão de obra barata, com um cunho tecnicista, é repetitiva e massiva, além de menosprezar claramente a formação de um pensamento crítico que alia teoria e prática.
Para além de ter se tornado uma mercadoria, fortalecendo os oligopólios de educação da rede privada, o ensino público é alvo de crescentes tentativas de privatização, reforçando a disseminação da ideologia do empreendedorismo para os jovens trabalhadores(as) que estão assolados pelo desemprego. Em contrapartida, nós do PCB defendemos uma Educação Popular, que seja instrumento de transformação social, para a emancipação dos jovens da classe trabalhadora e superação da ideologia dominante. Queremos um ensino crítico, coerente e unitário. Centrado na ligação entre teoria e prática, constituindo assim o que chamamos de práxis. Ou seja, a Educação Popular, por um lado, procura desmistificar o mundo, superando as compreensões parciais e fragmentadas da realidade ao buscar demonstrar que os fenômenos sociais e naturais que nos rodeiam fazem parte de um todo e que não podem ser compreendidos em sua plenitude se forem analisados de forma individual. Da mesma forma, por outro lado, além de buscar compreender a realidade, a Educação Popular também se orienta pela necessidade de transforma-la, superando as perspectivas academicistas, idealistas e abstratas, avançando rumo à uma forma de agir que seja coerente, proporcionando interpretações críticas acerca da realidade.
Como diria Marx, não nos basta interpretar os fenômenos, é preciso transforma-los! Portanto, a Educação Popular torna-se também um elemento central para a construção de uma nova forma de sociabilidade que não seja exploratória nem opressiva, uma sociabilidade não alienante. Assim, a Educação Popular não engloba apenas o ensino formal, mas, sobretudo, defende um ensino emancipatório, revolucionário!
Indicações de Leitura:
A construção da Pedagogia Socialista – N. K. Krupskaya
Cartilha sobre educação popular do MEP: que tipo de escola precisamos hoje?
Educação Popular como resistência e emancipação humana – Conceição Paludo
Construir a educação do poder popular – Luís Fernandes