Escrito por Laércio Júlio da Silva – Jobi
Para o filósofo Jean Paul Sartre Che era “o ser humano mais completo do nosso tempo”. Uma pequena definição para um homem que influenciaria com o seu exemplo de vida, toda uma geração, e se perpetuaria como referência de vida, dedicação e coragem.
Coragem para defender coerentemente, até as últimas consequências, a liberdade compreendida como a emancipação humana da exploração econômica, dominação política e opressão ideológica. Talvez o maior mérito de Ernesto Guevara de La Serna, o nosso “Che”, tenha sido simplesmente exercer radicalmente a sua “liberdade” para lutar por essa liberdade!

Che nasceu em 14 de junho de 1928, em Rosário, filho da classe média argentina. Formou-se em medicina e como tal atuou em leprosários e atendeu pessoas das camadas mais necessitadas da população. Quando viajou pela América Latina, tomou consciência da necessidade de ruptura com o conluio que reúne o imperialismo euroamericano e as classes dominantes nativas para dominar trabalhadores e comunidades. Estudando o marxismo, reconheceu o socialismo como a única forma de iniciar a transição para uma sociedade igualitária.
Em 1956, Che se juntou a Fidel Castro no México e viajou para Cuba com oitenta homens para iniciar uma das maiores epopeias do Século XX. Seguiu-se a luta guerrilheira contra 80 mil homens, entre soldados, marines e aeronáutica, fortemente apoiados pelos EUA, capitaneados pelo ditador Fulgêncio Batista. Em primeiro de janeiro de 1959, Che e seus camaradas desfilaram triunfalmente sobre as ruas de Havana.
A figura de Che, descrita por Sartre, assemelhava-se a de um ser humano “perfeito”: bom pai, bom profissional e bom soldado. Suas virtudes se valiam na paz e na guerra! Foi Ministro, exímio guerrilheiro e extremamente leal às suas convicções.
Poderia ter dado continuidade às suas importantes contribuições como ministro da Indústria de Cuba, desempenhando funções político-administrativas. Todavia, foi levar a outras terras a luta pela liberdade!– “Outras terras do mundo exigem o concurso de meus modestos esforços…”, disse Che em carta lida por Castro no dia em que foi criado o Partido Comunista de Cuba e eleito seu primeiro Comitê Central, em 3 de outubro de 1965. Assassinado em terras Bolivianas (1967), levou até às últimas consequência o “internacionalismo proletário”.
As contradições que determinam o atual período da luta de classes no plano mundial, em essência, são as mesmas dos tempos do Che. Também se mantém o conluio entre o imperialismo euroamericano e as classes dominantes nativas latino-americanas, ainda que com outras roupagens. Nesse contexto, como trabalhadores e juventude temos que ter a capacidade de estar ombro a ombro com os demais da nossa classe, para enfrentar a exploração, dominação e opressão que o sistema do capital e o imperialismo geram. Nesse sentido, nos fazemos herdeiros da luta pelo ideal de liberdade que norteou Che!
Che se despediu do mundo eternizando a capacidade da empatia em “sentir no mais profundo de nós mesmos qualquer injustiça, cometida contra qualquer um, em qualquer parte do mundo: esta é a qualidade mais linda de um revolucionário!”.
Che vive!