Existem razões históricas, econômicas e políticas para a guerra entre Rússia e Ucrânia. Mas, a quem interessa esse conflito?
por Laércio Júlio da Silva (Jobi).
O combate pode ser chamado de uma “guerra anunciada” que vigora desde o fim da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS, em 1991. Usando palavras do próprio Putin: “o desmantelamento da URSS foi a pior tragédia do Século XX…”
A guerra é a continuação da diplomacia por outros meios, “é um ato de violência cujo fim é forçar o adversário a executar a vontade do vitorioso”, segundo o estrategista Clausewitz escreveu em 1832.
A genialidade de Lenin, em 1917, na formação da URSS, incluiu a Ucrânia, seguindo a defesa dos comunistas que sempre foram pelo princípio de autodeterminação dos povos. Na época, o povo da Ucrânia não era uma “criação” de Lenin, mas sim, uma nação sem território definido, assim como são atualmente os curdos, os bascos, e por ai a fora…no caso da Rússia, a anexação da Ucrânia, alimentava a ganancia do império grão russo da época. Putin insiste em culpar Lênin com a frase “a Ucrânia é uma invenção de Lênin!”, mostrando a clara diferença entre ambos e o recrudescimento do expansionismo russo agora ressuscitado. Temos que ter bem claro que Putin não é comunista e nem mesmo de esquerda. É um líder conservador de direita e ditatorial que inclusive financia partidos neofascistas na Europa em uma ligação investigada pelo congresso americano que incluem Trump, passando pela simpatia explicita do atual governo brasileiro.
No entanto, existem razões geopolíticas que justificaram a guerra para Putin. O crescimento da Otan na região é o principal deles. Vários países que surgiram do desaparecimento da URSS se juntaram aos EUA, cercando literalmente a Rússia. Novamente usando as palavras de Putin em 23 de dezembro em entrevista coletiva: “É pedir demais não colocar nenhum sistema de ataque perto de nossa casa, o que há de estranho nisso?”, “e se tivéssemos colocado mísseis na fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá? Ou no México?”. Na década de 1990 a OTAN prometeu que não se expandiria “nem um centímetro para leste”, mas desde então já ocorreram cinco etapas de expansão da organização em países vizinhos. Outra razão é a repetitiva afirmação de uma ameaça nazista vinda da Ucrânia. Voltando aos auspícios da historia, o “ovo da serpente” do nazi-fascismo, foi gestado na Ucrânia durante a Segunda Guerra mundial. Ao invadir o país, Hitler deu autonomia política dada para a instalação de um governo fantoche pró-nazista. Ucranianos chegaram a fazer parte da Gestapo e um exército de mais de 2 milhões de voluntários marchou contra Moscou, Leningrado e Stalingrado. Esses soldados eram os mais odiados pelos russos e executados como colaboracionistas na grande guerra de libertação da humanidade contra o nazismo. Só para ilustrar, um caso emblemático foi o de John (apelidado de “Iwan, o terrível”) Demjanjuk réu em quatro processos judiciais diferentes relativos a crimes cometidos quando ele era colaborador do regime nazista, nascido na Ucrânia, fugindo misteriosamente foi reconhecido, morando e trabalhando tranquilamente nos EUA no pós guerra. Hoje, na Ucrânia, existem vários grupos atuando na região, inclusive fazendo parte do atual governo do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Sua hostilidade ancestral contra Moscou vem da dominação centenária da “Grande Rússia Imperial”, encontrando solo fértil para todo tipo de movimento de ultradireita.
Por outro lado, Putin de forma oportunista, tem acusado sistematicamente a Ucrânia de ser um “acampamento de nazistas”. A razão dessa propaganda de guerra para angariar o apoio da população russa é clara e direcionada, já que a URSS perdeu oficialmente 17 milhões de vidas na luta contra o nazismo. Praticamente todo o cidadão russo tem um parente morto ou ferido na Segunda Guerra Mundial!
Existe também uma guerra midiática nunca vista na humanidade: um conflito dominado pela grande imprensa parcial e preconceituosa, patrocinado pelos EUA e União Europeia. Dizem que Zelensky só faltou a “entrega do Oscar”…, mas já falou virtualmente em todos os principais parlamentos da Europa. Imaginem como seria se Ho Chi Min pudesse se defender da invasão americana na “telinha”? A propaganda da grande imprensa a favor de Zelensky é massacrante! O Parlamento Europeu, procura impor uma visão unilateral e instiga à confrontação, justificando uma colossal ajuda militar dos EUA e dos países Europeus a Ucrânia, perpetuando o conflito como na agressão imperialista contra o Vietnam.
O fato é que a guerra na Ucrânia não serve aos interesses do povo ucraniano, não serve os interesses do povo russo, não serve aos interesses dos povos da Europa ou do mundo. Serve sim, aos interesses da administração norte-americana e do seu complexo militar-industrial que procuram lucrar à custa do negócio da guerra e da especulação financeira, que querem lucrar por imposições de sanções cujo os custos vão sobrecarregar os trabalhadores e os povos de outros países, atacando direitos e as suas condições de vida, promovendo fabulosos lucros para os grupos econômicos e financeiros e para seus especuladores sempre de plantão.
A solução não é a guerra, sim para a Paz e a cooperação em defesa dos interesses e aspirações dos povos, devemos atuar em movimentos coerentes que defendam o fim da escalada de confrontação e assim facilitar uma possível solução negociada. Os Comunistas devem denunciar a escalada armamentista, a política de sanções econômicas, comerciais, financeiras, culturais e desportivas que prejudicam os trabalhadores. O autoritarismo midiático na imposição do pensamento único que não servem a causa da Paz, favorece os lucros da indústria de armamento do complexo militar-industrial, os capitais em bolsa de valores que batem recordes todos os dias e servem somente aos que se aproveitam das sanções para aumentar os lucros do capital parasitário financeiro que favorecem aos beneficiários diretos do redirecionamento da dependência energética de diversos países na União Europeia, nomeando os EUA como “salvadores”, em especial no que toca aos combustíveis fósseis e, em particular, ao gás – com soluções mais caras e de maior impacto ambiental, deixando escancarado a hipocrisia subjacente às propaladas preocupações ambientais da União Europeia, para alimentar o crescimento de concepções reacionárias, antidemocráticas e fascizantes.
A guerra vitimiza trabalhadores de todo o mundo. Lênin sempre esteve correto. Paz entre nós e guerra aos senhores! Combater o crescimento do nazi-fascismo no Brasil e no mundo! Não a nenhuma guerra nacionalista de anexação!