por Laércio Júlio da Silva (Jobi)
Este artigo é dedicado aos “simpatizantes” e amigos do Partido Comunista Brasileiro – PCB. Abnegados democratas que mesmo em condição de absoluta clandestinidade e censura, nos vários períodos de exceção atravessados por esse País, se arriscaram para esconder e defender os Comunistas. Essas pessoas formavam uma “rede do bem”, prestando serviço inestimável aos ideais de democracia e do socialismo. Essa rede de amigos era composta de operários, advogados, religiosos da igreja progressista, intelectuais e artistas como Jô Soares que faziam oposição sistemática, no caso, durante o período que sucedeu o Golpe Militar de 1964.
Conheci o amigo Jô Soares em São Paulo quando acompanhei Luiz Carlos Prestes na famosa entrevista, ainda no SBT no programa “Jô onze e meia” em 1989 (a famosa entrevista está disponível no Youtube LUIZ CARLOS PRESTES ONZE E MEIA-youtube-https://www.youtube.com/watch?v=C-WUVfGfj. Nos recebeu visivelmente emocionado, testemunho captado no Programa Roda Viva da TV Cultura (https://www.youtube.com/watch?v=sgO5pW34tQM). Democrata viceral, prestou grande serviço a causa entrevistando Comunistas pós abertura do regime militar quando nenhum programa de televisão abria espaço aos Camaradas. Em uma homenagem, escolheu Ziraldo como o último entrevistado, no seu derradeiro e emocionado programa de sua vida! Era simpatizante do PCB, ligado ao seu grande amigo, o roteirista Max Nunes.
Acompanhei o escritor comunista José Saramago também ao “Programa do Jô”, grande admirador que era, fazia questão de buscar pessoalmente o Premio Nobel no hotel. Almoçávamos e jantávamos juntos no Café do Boulevard, em plena avenida São Luis no centro de São Paulo. Lá passávamos madrugadas, saindo das gravações. Grandes e memoráveis papos!! Ele e sua moto inseparável! Até o dia que ele caiu em um acidente e quebrou o braço…Mantendo o bom humor até na hora da morte, segundo Juca Kfouri, a eterna companheira de Jô (ex-esposa), Flávia, teria lhe contado durante o velório do humorista que, ao dar entrada no hospital, o médico perguntou a Jô se havia alguma visita que ele não gostaria de receber. A resposta, como não poderia deixar de ser, teria sido de imediata, acompanhada de seu sorriso característico: “Só o Bolsonaro!”.
Sobre a afirmação da direita sobre o “fim do comunismo” ele dizia bem humorado: “se o comunismo acabar, quem vai levar a culpa?”
Muito gordo, brincava arrastando mesas e cadeiras do restaurante, já que não cabia no espaço! Uma pessoa muito simples, apesar da origem familiar abastarda. Testemunhei nele os gestos de uma pessoa sempre muito gentil que conversava amigavelmente com garçons e faxineiros do Café do Boulevard em Sampa. Descanse em Paz, querido Amigo!
Li o artigo sobre Jô interessante saber que ele não queria receber a visita do Bozo, nada mais coerente. Um cara inteligente como o Jô nem poderia pensar diferente.
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