
Empresários agropecuaristas goianos, do ruralismo e do agronegócio, protagonizaram mais uma manifestação grotesca em sua cruzada contra as liberdades democráticas e em defesa de seus privilégios de classe. Desta vez, promoveram invasão e agressão na Assembléia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), no dia 22 de novembro (terça-feira), em reação à votação de projetos que colidem com seus interesses. Trata-se do projeto que cria a contribuição sobre produtos agropecuários de até 1,65% e do projeto que cria o Fundo Estadual de Infraestrutura, para receber os recursos auferidos, a serem investidos na manutenção de rodovias, pontes e aeródromos.
Atente-se para o fato de que esses projetos têm em vista compensar perdas fiscais acarretadas pela redução do ICMS que incide sobre combustíveis e mercadorias, fruto de manobra eleitoreira do Governo Bolsonaro para artificializar a queda da inflação. Manobra apoiada pelos agropecuaristas e suas bancadas de representação política e conduzida sem a devida resistência do governo Caiado. Saliente-se, ainda, que as manutenções previstas pelos projetos são fundamentais para escoar insumos e produção dos agropecuaristas, que inclusive figuram como aqueles cujas atividades econômicas mais comprometem a infraestrutura estadual.
Não podemos esquecer que historicamente empresários ruralistas e do agronegócio colecionaram uma infinidade de agressões aos(às) trabalhadores(as) do campo e às liberdades democráticas, cerceando a reforma agrária, impedindo a aprovação de direitos mais básicos a esses(as) trabalhadores(as), assegurando a perpetuação de privilégios e exercendo o controle direto sobre o poder público. Devemos sempre nos lembrar da repressão aos posseiros de Trombas e Formoso a partir da década de 1950, que recrudesceria após o Golpe Empresarial-Militar de 1964, um capítulo sangrento da luta dos trabalhadores do campo em Goiás em favor da reforma agrária, do combate à violência dos latifundiários e da defesa da democratização do poder político.
Na atual conjuntura, marcada pela crise capitalista internacional, pela ascensão da extrema-direita no Brasil e no Mundo e pela disposição de amplos setores da classe trabalhadora em reverter as contrarreformas aprovadas desde o Golpe de Estado de 2016, o espírito de reação regressista dos empresários agropecuaristas mantém muita força. Não por acaso, constituem-se na principal base social e política de sustentação do governo Bolsonaro e das articulações golpistas do bolsonarismo em curso no país.
Portanto, a invasão da Alego por agropecuaristas, perpassada por agressão física e ameaças de morte, guarda uma estreita relação com as manifestações antidemocráticas que se reproduzem no país. É parte integrante dos setores burgueses inconformados com a possibilidade de perda de privilégios e o resultado das eleições presidenciais. Assim, financiam e mobilizam bloqueios em rodovias e concentrações em porta de quartéis, na perspectiva de um estado de desordem civil de extrema-direita que justifique e ratifique uma “intervenção militar”.
O enfrentamento dessa visão utilitarista e autoritária da política e da vida, que respalda a criação de uma ditadura neofascista, tem que ocorrer por meio de um programa anticapitalista, da organização independente da classe trabalhadora e da mobilização de massas nas ruas.
Contra o agronegócio!
Contra o golpismo neofascista!
Pela defesa da memória dos mártires de Trombas e Formoso!
Pelo Poder Popular, rumo ao socialismo!