POR UM 1º DE MAIO UNIFICADO, MAS COM DEFESA DO CLASSISMO – 2023

Por TRABALHO, TERRA, COMIDA E MORADIA!


O 1º de Maio é a data que o movimento de trabalhadoras/es criou para homenagear a classe trabalhadora, relembrar suas lutas históricas, lideranças e mártires, reafirmar a necessidade de independência e autonomia do trabalho em face do capital e afirmar a perspectiva política de uma sociedade igualitária, justa e livre. Na sua origem, está a mobilização da classe por elevação salarial, redução da jornada de trabalho, descanso semanal remunerado, direito de organização sindical, bem como a defesa da democracia política e a luta contra as guerras do capitalismo.

No Brasil, embora as comemorações do 1º de Maio tenham se iniciado no final do século XIX, com discursos exaltados de socialistas e de anarcossindicalistas nas cidades, foi durante os anos 1910 que a data adquiriu maior relevância. Na oportunidade, para além da defesa dos direitos trabalhistas, estava presente a afirmação da independência e da autonomia da classe trabalhadora perante a classe patronal. Nos anos 1930, a essas características, marcadas por panfletagens, discursos e palestras, foram somadas festividades e apresentações artísticas. E, não raramente, os atos políticos redundavam em passeatas.

Desde então, sempre condicionados aos contextos históricos e sociais, articulando ou não a defesa dos direitos trabalhistas aos objetivos históricos vinculados à emancipação da classe, os atos do 1º de Maio compuseram o universo de identidade política da classe trabalhadora mundial e brasileira.

Essa recuperação é de suma importância na atual quadra histórica, quando o capitalismo se encontra no contexto da longa depressão e da crise orgânica iniciada nos anos 1970, oportunidade a partir da qual passou a implementar a agenda de privatização, financeirização e flexibilização neoliberal. Com uma ofensiva política, econômica, social e ideológica, foi capaz de promover concentração da propriedade, intensificação da exploração da mais-valia, pilhagem de recursos naturais de países periféricos e exclusão-marginalização de parcelas gigantescas da humanidade - com processos rotineiros e naturalizados de eliminação de população superacumulada.

A agenda neoliberal aprofundou aquela crise e ela mesma entrou em crise recentemente, expressa em massas de capitais financeiros superacumulados e em restrição de demanda na economia real em função da concentração de propriedade e renda. Tais crises ocorrem acompanhadas do desafio de hegemonia que a China e a Rússia promovem aos Estados Unidos e à União Europeia, seja na hegemonia do dólar, seja na política e diplomacia euro-americana, com desdobramentos geopolíticos e com guerras capitalistas.

No Brasil, a derrota eleitoral do projeto neoliberal ultraconservador, autoritário e neofascista em 2022- por meio da frente ampla policlassista liderada pelo social-liberalismo lulo-petista no primeiro turno das eleições, com o apoio eleitoral das candidaturas dos três partidos de esquerda no segundo turno -gerou expectativas em torno da afirmação de pautas como colocar as pessoas pobres no orçamento, cobrar impostos sobre grandes lucros e fortunas, realizar movimentações em prol da reforma fundiária urbana e rural e revogar o Novo Ensino Médio.

O pragmatismo social-liberal do governo Lula e a sua trajetória política delineada ficaram expressos na proposta de arcabouço fiscal. Para além da reiteração da lógica financista de gestão do Estado e de seus desdobramentos concretos - a qual, ao repor austeridade fiscal, superávit primário e teto de gastos, sacrifica gastos com saúde, educação, seguridade social, moradia, meio ambiente, reforma agrária e agricultura familiar, bem como transforma o país no paraíso do conluio que integra banqueiros, especuladores, multinacionais, empresários, latifundiários e tecnoburocratas -, essa proposta efetivamente procura posicionar o governo Lula e o PT numa relação estreita com a burguesia financeira, hegemônica no conjunto das forças sociais e políticas que compõem o bloco no poder, buscando alcançar a condição de partido da ordem dirigente da política burguesa no país.

A ‘essência’ da política social-liberal do governo Lula se apresenta encoberta no “mundo das aparências”: de um lado, justificada como necessidade da frente ampla policlassista para derrotar o fascismo e conduzir a “reconstrução” do Estado e da democracia; de outro, legitimada pelo resgate de direitos sociais sob a forma de defesa liberal dos direitos humanos e de políticas afirmativas de identidade. Logo, sob democracia restritiva em termos de conteúdo social, o governo Lula reitera o sistema de propriedade, a lógica financeiro-neoliberal de gestão do Estado e a estrutura de classes, vigentes no país.

Neste 1º de Maio de 2023, o PCB e seus coletivos reafirmam que o conhecimento da nossa trajetória como classe trabalhadora, a identificação das condições da nossa reprodução social e a construção de um horizonte histórico socialista, com referência na leitura de totalidade e ancorada na contradição social, devem fundamentar as mediações político-programáticas que articulem táticas políticas antissistêmicas (em que as reivindicações da classe ultrapassem as condições do sistema do capital de absorvê-las, a sua organização se apóie na independência político-organizativa e a sua ação política tenha como horizonte a conquista da iniciativa política) a estratégias revolucionárias (em que o poder popular e o programa de transição estejam configurados para o socialismo). Portanto, no atual contexto internacional e nacional, é imprescindível o trabalho de politização, organização e agitação-propaganda junto à vanguarda social da classe trabalhadora, com vista à superação da passivização social-liberal e à criação das condições de edificação do socialismo!

Assim, reiteramos neste 1º de Maio que somente com a classe trabalhadora organizada nos locais de trabalho, moradia e estudo, paralisando os meios de produção e de circulação e tendo o socialismo em perspectiva, será possível mudar a correlação de forças, conquistar a iniciativa política e romper a aliança de classes hegemônica!

Só a luta nas ruas e locais de trabalho combate o capital!
Pela unidade da classe trabalhadora na luta contra o novo arcabouço fiscal!
Pela revogação de todas as contrarreformas!
Pela defesa e pela ampliação dos direitos das/os trabalhadoras/es e da juventude!
Pela unidade das forças populares e de esquerda!
Pelo Poder Popular e Pelo Socialismo!

PCB, Unidade Classista, UJC, Ana Montenegro

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