Nota Política de Repúdio à Perseguição de Professoras/es em Goiás


A Unidade Classista Goiás (UC-GO) tomou ciência da demissão da professora de História da Arte por parte do Colégio Expressão, localizado em Aparecida de Goiânia. O fato ocorreu após a repercussão de uma foto da professora, em sua rede social, usando camiseta com estampa de uma arte de Hélio Oiticica, na qual consta a frase “seja marginal, seja herói”. A imagem foi repercutida inicialmente pelo político reacionário Gustavo Gayer (Deputado Federal pelo PL-GO) em suas redes sociais, que possuem grande alcance e potencial de retaliação a pessoas que elege como inimigas. Recuperando, esse deputado também conduziu campanha reacionária em redes sociais que culminou na demissão de professor de Sociologia do Colégio Visão, de Goiânia, em junho de 2022. O docente foi retaliado por atividade de avaliação com tirinha do cartunista André Dahmer.

Situando a questão de forma abrangente, ataques à ciência e à educação crítica e emancipatória fazem parte do programa político-ideológico do fascismo, que aposta no negacionismo científico e histórico, na desinformação e na ignorância para justificar práticas violentas e ideais elitistas, hierarquizantes e antidemocráticos. Por conseguinte, o avanço da extrema-direita de perfil fascista tem sido acompanhado de ofensiva contra a educação crítica e emancipatória em favor de uma concepção de mundo obscurantista e autoritária. Para tanto, faz uso da mentira, da perseguição, da chantagem, da difamação e da calúnia para impor seus valores e anular discordantes.

Em Goiás, o deputado Gustavo Gayer e indivíduos vinculados ao movimento Escola Sem Partido procuram implementar um projeto de educação baseado na imposição de pedagogia acrítica, tecnicista e autoritária. Embasados na suposta neutralidade científica, acadêmica e educativa, tentam incutir a ideia do distanciamento subjetivo da prática pedagógica diária, encobrindo a intenção de reprimir a educação que se fundamente na pedagogia crítico-reflexiva e emancipatória em favor daquela.

Esse deputado, notabilizado pela prática persecutória, usa suas redes sociais e a visibilidade que o mandato lhe confere para desencadear campanhas de perseguição típicas do fascismo, estimulando mães e pais e alunas e alunos a constrangerem e achacarem professoras e professores, minando o seu compromisso profissional, construído sob a égide da ciência, da educação crítico-reflexiva e da democracia política, inerentes também ao seu ofício e previstos como parte da autonomia docente. Criando um clima e uma prática de terror e ódio no ambiente escolar, personagens como a desse deputado pretendem gerar uma sociabilidade que prospera na direção de transformar estudantes em “dedos-duros” e com aspirações autoritárias. 

Tal prática (alimentada por divulgação de mentiras, conforme relatório do Google, entregue à CPI da Covid-19 em 2021, no qual o deputado figura como o segundo maior divulgador de mentiras nas redes sociais, tendo 56 vídeos removidos, mas que lhe permitiram monetizar o valor de R$ 40.709,49, apenas no período apurado) tem servido para que proprietárias/os e diretoras/es de escolas imponham suas posições político-partidárias e ideológicas às/aos profissionais da educação, perseguindo e demitindo as/os que buscam exercer o seu trabalho de forma crítica, bem como tem atuado para que essas escolas reproduzam uma pedagogia de hegemonia fascistizante.

São inaceitáveis processos que impeçam a escola de exercer seu papel formativo, de divulgar e produzir conhecimento, oferecendo às/aos alunas/os capacidade de compreensão e autonomia crítico-reflexiva. São inaceitáveis também porque atacam frontalmente o direito ao trabalho, a liberdade de cátedra e a ética profissional das/os professoras/es e ferem seus direitos mais elementares como profissionais e cidadãs/ãos. Toda e qualquer iniciativa nesse sentido deve ser vigorosamente combatida, particularmente pelas entidades que representam professoras/es e estudantes por meio de ações junto ao Ministério Público e à Justiça do Trabalho, incriminando seus mentores políticos, mães e pais, alunas/os, diretoras/es e empresárias/os que se arvoram em novos inquisidores. Nessa mesma direção, o site criado pelo dito deputado para recebimento das “denúncias” deve ser imediatamente desativado e ele deve responder criminalmente pela iniciativa.

Por isso, repudiamos veementemente a demissão da professora e defendemos um combate mais efetivo por parte das entidades e dos movimentos sindicais a fim de reverter demissões dessa natureza e fortalecer a resistência no “chão” das escolas.

E destacamos que esta realidade evidencia a amplitude da necessidade do sistema único de educação pública, popular, gratuita, de qualidade, laica e integrada, imprescindível ao ensino da ciência, crítico, democrático e emancipatório!

UNIDADE CLASSISTA-GO

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